CAPÍTULO I O PLANETA ELLA

Com grande tristeza minha, aterramos de noite. Quando penetramos na atmosfera de Ella o meu relógio marcava 7 horas e 20 minutos (ignorei sempre se da manhã ou da noite, na Terra). O céu estava encoberto de tal forma que pouco pude distinguir do planeta antes de penetrarmos na zona obscura: apenas, entre as nuvens, grandes superfícies brilhantes, provavelmente mares. Aterramos sem nenhum ruído ou oscilação. O ksill pousou no centro de uma superfície nua, obscura. Apenas algumas luzes brilhavam ao longe.

— Ninguém nos espera? — perguntei ingenuamente a Souilik.

— Esperar porque? Quem pode saber quando um ksill chega? Há centenas deles que exploram o Espaço! Esperá-los para quê? Anunciei a nossa chegada aos Sábios.

Amanhã você comparecerá perante eles Venha comigo.

Saímos. A obscuridade era total. Souilik acendeu uma pequena lâmpada, fixada na testa por uma placa, e partimos. Antes de darmos cem passos a lâmpada iluminou uma construção baixa e branca, sem nenhuma abertura visível. Contornamo-la. Sem que Souilik tivesse feito um gesto, abriu-se diante de nós uma porta e penetrei então num pequeno corredor, de um branco imaculado, Ao fundo, na direita e na esquerda, abriam-se portas sem batentes. Souilik apontou-me a da esquerda.

— Você vai dormir ali.

A divisão estava fracamente iluminada por uma doce luz azul. Havia um leito muito baixo, ligeiramente côncavo, sem cobertores. Ao lado, numa pequena mesa, alguns aparelhos complicados. Souilik apontou-me um:

— O-que-faz-sono — disse. — Se não conseguir dormir, aperte este botão. Dado que assimila os nossos alimentos, também o aparelho deve poder agir sobre você.

Éle me deixou. Fiquei um momento sentado no leito. Tinha a impressão de estar na Terra, em qualquer país muito civilizado, mas não num planeta desconhecido, sei lá a quantos bilhões de quilômetros! Sobre a coberta branca do leito encontrei uma espécie de vestimenta para dormir, um pijama de uma única peça, de um tecido muito leve, que vesti. Me deitei. A cama era elástica, na medida, adaptando-se ao corpo, sem ser demasiado mole. A leve coberta era quente, tão quente que, estando a temperatura tão doce, não tardei a afastá-Ia. Me agitei durante algum tempo, sem conseguir dormir, e me lembrei, então, do que me dissera Souilik: apertei o botão indicado. Só tive tempo de ouvir um ligeiro zumbido.

Acordei muito lentamente, emergindo de um sonho estranho, onde falara com homens que tinham o rosto verde. Onde estava eu? Pensei, por um momento, estar na Escandinávia, onde realmente já fora em viagem. Todavia, recordava-me muito bem de ter regressado. Em todo o caso, não estava em minha casa e na minha cama, que é horrivelmente dura. Céus! Estava em Ella!

Me ergui de um salto e apertei o interruptor da luz.

A parede na minha frente tornou-se transparente. Uma pradaria amarela estendia— se até ao horizonte, junto a umas montanhas azuladas. Do lado esquerdo a lentilha do ksill era uma mancha escura pousada na erva amarela. O céu era de um curioso azul-claro e, no alto, flutuavam algumas nuvens brancas. Ainda devia ser muito cedo Com um ligeiro ruído, uma mesa baixa, montada sobre rodas, entrou no quarto.

Movia-se lentamente e veio parar junto ao leito. Do interior surgiram, lentamente, uma taça cheia de um líquido amarelo-ouro e um prato com uma geleia rosada.

Segundo as aparências, os Hiss tinham o hábito de tomar o café matinal na cama!…

Comi e bebi com muito apetite todos os alimentos, que tinham um gosto agradável, ainda que indefinível Logo que terminei, o autômato retirou-se.

Me vesti e saí. A porta que dava para o exterior estava aberta, como aliás todas as portas do edifício. Este era pequeno e eu pensei que não haveria outras divisões a não ser as três que comunicavam com o corredor. Soube mais tarde que todas as casas dos Hiss tinham dois ou três andares subterrâneos.

Cá fora o ar era fresco, sem ser frio, e o sol — nunca pude designá-lo por Ialthar — estava ainda baixo. Não se via ninguém. A pouca distância avistei três construções, tão simples como a casa de Souilik. Lá longe, para o nascente, havia muitas outras disseminadas. Do lado das montanhas a planície era nua até ao horizonte, a oeste. A este, norte e sul, pelo contrário. erguiam-se alguns bosques. Me dirigi, despreocupado, para um deles As árvores erguiam para o céu um tronco esguio e longo, estriado a rosa e verde. As folhas tinham o mesmo amarelo-escuro da erva.

Pude distinguir três perfumes diferentes.

Havia em tudo uma calma maravilhosa. Aquilo que torna insuportável a nossa civilização — os ruídos, os odores nauseabundos, a caótica confusão das cidades — parecia banido deste mundo. Reinava uma imensa e dulcificante paz. Me lembrei da Utopia que Wells descreve em Men like Gods.

Regressei lentamente pra casa. Parecia deserta. No quarto fronteiro ao meu encontrei uma poltrona baixa, muito leve, que levei para defronte da porta, onde me sentei, esperando. Dez minutos depois vi caminhar próximo de um bosque uma elegante silhueta, Era uma rapariga, ou uma jovem mulher, deste novo mundo.

Passou junto a mim, com o caminhar dançante dos Hiss, me olhando com curiosidade, mas sem surpresa Parecia ter a pele de um verde mais pálido do que o dos meus companheiros de viagem. Sorri para ela, que me respondeu com um pequeno gesto e seguiu o seu caminho.

Finalmente, Souilik chegou. Apareceu por trás de mim, arvorou um sorriso hiss e disse:

— Dentro de pouco tempo você comparecerá perante os Sábios. Enquanto isto, vamos visitar a casa.

Além do quarto onde eu dormira e do outro onde encontrara a poltrona, o rés-do-chão comportava uma terceira divisão, onde havia os ascensores que conduziam até a parte subterrânea. Souilik desculpou-se da pequenez das suas instalações, próprias de um oficial celibatário. Só havia dois andares. No primeiro estavam instalados dois quartos e um gabinete, sendo este uma divisão circular com as paredes repletas de estantes de livros, tendo no centro uma mesa coberta de delicados aparelhos O segundo andar compreendia uma dispensa, uma «cozinha» e um magnífico quarto de banho. É a única divisão dos Hiss onde se pode encontrar um espelho Quando me vi nele refletido recuei: tinha uma barba de oito dias, medonha. Perguntei a Souilik se havia qualquer coisa em Ella parecido com uma máquina de barbear.

— Não. Nenhum Hiss tem pelos no rosto. Em Réssan, onde residem os representantes das humanidades estrangeiras, alguns dos quais são barbados, é possível que haja. Mas me explique o que é uma «máquina de barbear» que eu mandarei fazer uma. De qualquer forma, os Sábios querem lhe ver tal como você está agora.

Protestei:

— Não, não quero parecer um selvagem! Represento o meu planeta!

Souilik sorriu:

— Você é o representante do 8629 planeta humano que nós conhecemos. Os Sábios já viram outros mais medonhos do que você!

Apesar desta afirmação, aproveitei a sala de banho para cuidar da toalete. As instalações, ultra-aperfeiçoadas, não diferiam muito, no entanto, das similares terrestres.

Quando subi ao rés-do-chão Soirilik estava pronto para partir. Ao sairmos de casa me dirigi para o ksill. Porém, Souilik, que era naturalmente alegre, deu uma gargalhada, isto é, emitiu um assobio entre cortado que é o riso dos Hiss.

— Não, não vamos no ksill! Não somos personagens bastante importantes para consumirmos kse-ilto numa pequena viagem de umas centenas de brunns. Me acompanhe!

Nos fundos da casa inclinou-se e puxou por uma alavanca fixada no solo. A terra abriu-se e pelo alçapão apareceu uma miniatura de avião, sem hélice nem orifícios de reatores visíveis. As asas, muito finas, tinham cerca de 4 metros de envergadura.

A fuselagem, curta e arredondada, não ultrapassava os 2,5 metros de comprimento.

Não havia rodas, mas sim dois longos deslizadores, curvos na frente.

— Isto é um réob — disse Souilik. — Espero que dentro em breve você tenha um.

No interior havia dois assentos baixos, um atrás do outro. Evidentemente que me instalei no da retaguarda, deixando o de pilotagem a Souilik. Levantamos vôo rapidamente, deslizando apenas vinte metros pela relva. O réob era silencioso e parecia muito manejável e seguro. Subimos velozmente para uma altitude considerável e rumamos para o oeste, em direção das montanhas. Segundo o que calculei, pela experiência que já tinha de aviões, devíamos voar a cerca de 600 quilômetros a hora. Mais tarde eu próprio pilotei um réob muitas vezes, pelo que posso afirmar que se atingem facilmente velocidades supersônicas.

Como você deve imaginar, olhava avidamente a terra que desfilava debaixo de nós.

Estávamos a uma altitude que não me permitia distinguir muitos pormenores. No entanto, uma coisa logo me chamou a atenção: não havia cidades. Tal fato me surpreendeu e manifestei esta surpresa a Souilik.

— Em Ella é proibido construir mais de três casas num raio de quinhentos passos.

— Qual é então a população de Ella?

— Setecentos milhões. Mas para lhe falar, sou obrigado a me voltar, pois você não compreende a palavra articulada. E eu tenho de olhar para onde nos dirigimos. Deixei, por isso, de fazer perguntas. Sobrevoamos uma floresta amarelada e vi alguns ribeiros, que desaguavam num rio, o qual desembocava num mar. A cadeia de montanhas formava como que uma gigantesca ilha. Começamos a cruzar com outros aviões, uns pequenos como o nosso, outros enormes. Contornamos os picos das montanhas, sobre o mar, e, a seguir, descemos rapidamente Souilik voltou-se e transmitiu-me:

— A esquerda, entre aqueles dois picos, é a Casa dos Sábios. Entre os dois cumes, o vale, que descia até uma longa praia branca, tinha sido fechado por um muro gigantesco, onde fora construído um imenso terraço. Neste, entre árvores amarelas, violetas ou verdes, erguiam-se longas construções baixas, de cor branca: Ao fundo um segundo muro servia de base a um terraço superior, menor, e ocupado, na maior parte, por uma construção, de uma admirável elegância, que lembrava um pouco o Pártenon.

Aterramos no terraço mais baixo, junto a um pequeno bosque de árvores verdes, que, neste mundo estranho, me pareceram fraternais.

Através de uma escadaria monumental, nos dirigimos para o outro terraço. Souilik disse-me ser a Escadaria das Humanidades. Tinha cento e onze degraus. Dos lados, ao nível de cada degrau, erguiam-se estátuas de ouro. Figuravam seres mais ou menos humanos em filas de três ou quatro, segundo os casos, dando-se as mãos; isto até ao cimo da escada, onde havia uma outra estátua, esta de metal verde, que figurava um Hiss com os braços estendidos, num gesto de acolhimento. Havia seres estranhos representados nestas estátuas, alguns de meter medo. Vi rostos sem nariz, outros sem orelhas. outros com três, quatro ou seis olhos; seres de seis membros, alguns de uma extraordinária beleza, outros inconcebivelmente medonhos, contorcidos, peludos. Mas todos eles lembravam, de uma maneira ou de outra, a nossa espécie, mesmo que fosse só pelo porte da cabeça e pela posição vertical. À medida que subíamos a escadaria, examinava-os, tornado de um vago mal-estar ao pensar que estas criações não eram fantasia de um artista, mas sim a representação, tão exata quanto possível, dos oitocentos e sessenta e um tipos de humanidades que os Hiss conheciam. Os últimos degraus ainda estavam vazios. Souilik me apontou um. em frente do estranho cortejo:

— Aqui ficará você, representando a humanidade da Terra.

Como foi o primeiro a chegar a Ella, você será o modelo Não sei de que lado será colocado. Em princípio, será a direita, juntamente com as raças que ainda não desistiram das guerras planetárias.

Na esquerda, no último degrau ocupado, em frente de um gigante maciço, de olhos pedunculados e crânio calvo, erguia-se uma esbelta figura, que me pareceu perfeitamente humana até ao momento de reparar que as suas mãos só possuíam quatro dedos.

(Neste momento não pude deixar de olhar para Ulna… Clair sorriu, prosseguindo).

Passando ao lado da estátua do Hiss, chegamos ao segundo terraço. Nesse momento voltei-me, olhando a paisagem. O terraço inferior, por um efeito de perspectiva, parecia sobranceiro ao mar azul, agitado por pequenas vagas de crista branca. O nosso réob, ao lado do bosque, parecia minúsculo. Outros aviões tinham aterrado e vários Hiss dirigiam-se para a escadaria. Olhei novamente para a estátua:

— Quem são aqueles?

— Vieram de quase tão longe como você. Além de nós, são os únicos que sabem passar pelo ahun. Vieram pelos seus próprios meios. Não os descobrimos, mas sim eles que nos descobriram. Assemelham-se muito a vocês, Terrenos. Mas até agora somente os Sábios os viram de perto. Por isso não posso lhe dar mais pormenores sobre eles Só os Sábios, se o desejarem fazer.

— Os Sábios são o governo de Ella?

— Não, estão acima do governo São os que sabem e os que podem.

— São muito idosos?

— Alguns. Outros são novos. Tal como você, vou vê-los pela primeira vez. Devo essa honra ao fato de lhe ter trazido; embora contra a vontade de Aass.

— E Aass? Qual é a situação dele?

— Mais tarde será provavelmente um Sábio. Mas vamos, que o momento chegou!

Continuamos a andar até ao pseudo-Pártenon Visto de perto revelava-se muito maior do que eu julgara. Passamos através de uma porta metálica, monumental.

Souilik parlamentou durante alguns instantes com guardas, armados de pequenas varas de metal branco.

Seguimos por um corredor em cujas paredes havia afrescos representando paisagens de diversos planetas estranhos. Ao fundo havia uma pequena porta de madeira castanha, por onde entramos para uma pequena sala. Esperamos até que um outro Hiss nos fez sinal para o seguirmos.

A sala onde penetramos depois lembrava, pela sua disposição, um anfiteatro.

Cerca de quarenta Hiss estavam sentados em sua volta e três outros num estrado.

Alguns eram visivelmente idosos. Tinham a pele verde descolorida, os cabelos brancos e ralos, mas nenhuma ruga lhes sulcava o rosto.

Mandaram que eu me sentasse numa das cadeiras do anfiteatro. Ocorreu. então, um pequeno incidente, sem importância, mas que, nessa altura, me vexou consideravelmente Involuntariamente, apertei um botão colocado no braço direito do assento, e este, abrindo-se, transformou-se numa cama, fazendo-me dar uma cambalhota para trás. Os Hiss são um povo muito alegre e trocista por natureza. O fato causou, por isso, numerosos risos. Soube depois que neste anfiteatro o teto serve de écran e que as cadeiras são construídas de maneira a permitirem que se acompanhe sem esfôrço a projeção.

Voltado para os três Hiss do estrado, Souilik fez o seu rela-tório em linguagem articulada. Assim, nada pude compreender. Fui surpreendido pelo fato de, embora, evidentemente, cheio de respeito pela assembleia, Souilik não ter feito nenhum gesto convencional de cortesia.

Logo que ele terminou, o que estava sentado ao centro, cujo nome era Azzlem, voltou-se para mim e senti o seu pensamento entrar em comunicação com o meu, sem nenhum dos tateamentos que, por vezes, tornavam difíceis as minhas «conversas» com Souilik.

— Já sei, por intermédio de Aass, de que planeta inconcebivelmente longínquo você vem. Sei, também, que a guerra ainda existe no seu mundo. portanto, você não deveria estar aqui. Mas, com os serviços prestados aos nossos, após o aparelho deles ter sido atacados pelos engenhos volantes da Terra, Souilik e Aass resolveram lhe trazer e nós aprovamos tal medida. De momento você não irá para Réssan, onde vivem os estrangeiros. Se não vir nisso inconveniente ficará alojado na casa de Souilik, e todos os dias virá aqui conversar sobre a Terra com os nossos Sábios. Aass disse-me que você é um dos que estudam a vida, e certamente lhe será útil confrontar os seus conhecimentos com os dos Hiss que estudam o mesmo assunto.

Isto porque os conhecimentos não estão igualmente desenvolvidos em todos os mundos humanos, e talvez você saiba coisas que nos ajudem a compreender melhor os Milsliks.

— Me sentirei muito feliz — respondi eu — de comparar os meus conhecimentos aos de vocês. Mas quando eu embarquei, um pouco contra minha vontade, no ksill, Aass prometeu que eu regressaria ao meu planeta Posso considerar esta promessa como válida?

— Certamente, desde que isso dependa de nós. Mas ainda há pouco é que você chegou!

— Oh, não quero partir imediatamente! Se vocês têm interesse no meu planeta, também eu me interesso por este e em todos aqueles que descobriram.

— Lhe informaremos se o seu exame for bom. Agora nos fale um pouco do seu mundo. Antes de começar, ponha este amplificador na cabeça, a fim de todos os presentes se aperceberem dos seus pensamentos.

Me deram um leve capacete de metal e de quartzo, munido de uma série de pequenas antenas.

Durante mais de uma hora concentrei o pensamento na Terra, sua posição no Espaço, suas características, sobretudo o que eu.sabia da sua história geológica. De vez em quando um dos assistentes, e principalmente um colosso ainda maior do que Aass, fazia-me perguntas e pedia-me que precisasse pormenores. Como o capacete amplificava, quer as respostas mentais, quer as minhas próprias emissões de pensamentos, essas perguntas ressoavam dolorosamente no meu crânio, como se as tivessem berrado aos meus ouvidos, Comuniquei o fato a Azzlem, que imediatamente fez regularizar a comunicação.

No final interrompeu-me, dizendo:

— Basta por hoje. Tudo o que foi dito foi registado e vai ser estudado. Você voltará aqui depois de amanhã.

Fiz uma pergunta:

— Os alimentos daqui contêm ferro? O ferro é indispensável para o meu organismo.

— Contêm muito pouco. Vamos dar ordem para que os alimentos preparados para os Sinzus, cujo corpo também contêm ferro, lhe sejam fornecidos.

— Ainda outra pergunta: quem são os Milsliks, sobre os quais Aass não quis me dar informações! ««

— Você saberá em breve. São os-que-apagam-estrelas.

Fez o movimento de cabeça que nos Hiss indica ter terminado a conversa, sendo, portanto, inconveniente insistir.

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